sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
um fio de luz
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
versos soltos e afogados
domingo, 29 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
alguns km
eu tenho medo de não me apaixonar
tenho medo dele
tenho medo dela
os dois juntos onde eu não podia entrar
com você eu tenho medo de me consolar
eu tenho medo de não me consolar
sexo heterodoxo
lapsos de desejo
quando vejo o céu desaba sobre nós
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
sachê
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009
domingo, 18 de outubro de 2009
domingo
Vestia um vestido verde, completamente verde como se o próprio fato de ser verde justificasse sua solidão. Ela não gostava da palavra solidão porque achava essa palavra muito pesada e jamais se sentira assim. Estava sozinha, era fato, mas não havia tristeza nisso. Caso contrário jamais estaria de verde e muito menos de vestido.
Toda manhã sigo o mesmo ritual. Lavo o rosto com água gelada pra desinchar os vazinhos das laterais do rosto. Bebo um copo d´água, depois um chá, depois outro copo d´água. Aprendi com os japoneses a hidratar a pele logo cedo pois, desse modo, não fico muito vulnerável aos baques do dia.
A casa vazia, o vestido verde e milhões de palavras povoando a mente. Sentia saudades de muita coisa que não conseguia nomear. Se sua mãe estivesse por perto e a visse deste modo, alimentando saudades logo pela manhã, em pouco tempo surgiriam palavras reais repressoras. A mãe, abraçada com a bandeira da ordem, falaria pra ela deixar de bobagem e ir logo comprar laranjas e ovos, passar um pano na sala ou dar comida aos cachorros. O fato é que não havia cachorros. Nunca.
Não gosto muito de me perder em pensamentos nostálgicos, mas deve haver algum motivo pra algumas coisas estarem tão silenciosas. Lembro de um tempo atrás não tão longe assim, havia um peito inteiro ocupado de estórias. Algo como um começo, meio e gran finale com chuva caindo. Um calor imenso. Estranho tudo ter ficado tão verde.
Pensando na mãe que não estava, resolveu deixar de bobagem e ir logo comprar laranjas e ovos. Havia uma coisa de muito especial na ida até a feira. Sentia-se personagem de um típico filme francês, as mãos ocupadas com sacolinhas coloridas cheia de sabores cítricos. O encontro com velhinhos nas filas, a luz da manhã, a alegria virgem. Era domingo e estava viva. E isso haveria de ser um grande motivo.
Eu gostaria verdadeiramente de pensar um pouco menos a respeito das coisas, mas é fato que existem saudades não nomeáveis. Não acho que seja o caso de consultar um dicionário. Também não sei se valerá à pena pedir ajuda. Qualquer pessoa seria simplista no assunto. Não há tristeza. Não há dor. Não há lágrima.
Era domingo, estava sozinha e tinha nas mãos sacolinhas cheias de laranjas e ovos. Podia optar por um grande almoço ou pela experiência da fome. Lera uma vez no jornal sobre um senhor de 80 anos que havia escolhido ficar exatamente 1 semana sem comer. Não estava doente nem doido, apenas queria ter uma semana límpida e vazia de excessos. Parece que depois disso o senhor começou a enxergar o mundo sob uma outra perspectiva. Gostou disso. Viveu como nunca e deixou o mundo da forma mais completa possível.
Está sem lugar? Sente saudades? Não há melhor recomendação do que essa: abrace seu travesseiro. Por longos minutos, abrace-o com toda integridade que conseguir. Feche os olhos e celebre o fato de conseguir ser inteiro no seu contato com o objeto que protege sua cabeça todas as noites. Celebre o fato de conseguir abraçar mesmo sem ser abraçado de volta.
Decidiu por não passar fome, as laranjas e os ovos estavam muito bonitos para isso. Esquentou a água da panela e enquanto colocava os ovos pra cozinhar, preparou um suco com todas as laranjas que trouxera. Um grande banquete: a maior variedade possível a partir de dois alimentos. Um estado de graça, a comida. Uma alegria.
Algumas vezes sinto um tremendo despeito pelos domingos. Fico irritada com o fato de todo mundo estar tão desocupado e, ainda assim, mostrar-se cheio de afazeres. Não é justo. Domingo é para ser livre. Desliguem os relógios, apaguem as luzes, fechem os olhos. Respirem fundo.
Terminou o banquete e sorriu da maneira mais bonita. Não havia muito mais o que fazer naquele dia. Era domingo, acordou tarde. Olhou em volta, continuava sozinha. Ainda assim, tantas palavras e vozes povoando a mente. Saudades não nomeáveis, o vestido verde, o travesseiro amassado ao lado. Entendeu sem entender o instante do mundo em que se encontrava. Cansou de agitar a cabeça, resolveu agir. Abriu as janelas da casa.
Deve haver alguma espécie de sentido ou o que haverá depois. Talvez eu não esteja suficientemente informada a respeito do percurso de algumas coisas essenciais. Talvez isso tudo seja uma grande bobagem e, se assim for, é ainda melhor.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
acrílico
Ainda canto o ido o tido o dito
O dado o consumido
O consumado
Ato
Do amor morto motor da saudade
terça-feira, 6 de outubro de 2009
filosofia do porquinho
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
sobre amor
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
hoje
Há um olhar que enxerga quando a obediência significa desrespeito e a desobediência representa respeito.
Há um olhar que reconhece os caminhos curtos longos e os longos caminhos curtos.
Há um olhar que desnuda, que não hesita em afirmar que existem fidelidades perversas e traições de grande lealdade.
Este olhar é o da alma."
A alma imoral. Nilton Bonder.
*e sim à alma.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
domingo, 6 de setembro de 2009
brinde à saudade
exatamente 365 dias
12 meses
milhões de instantes
tão mais que saudade
sigo em sorriso
e em tom de alegria
me tornei ao lado.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
menina caminho
***
O rio não está diante de ti
Como imaginas.
Há apenas o fosso
E a mesa inundada de papéis:
Conjeturas lassas
Sobre a aspereza das palavras.
O rio não está diante de ti
Está além. Viaja."
Hilda Hilst. Estar sendo ter sido.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
perdeu?
domingo, 16 de agosto de 2009
domingo, 9 de agosto de 2009
Rosa
No imenso azul que ali cercava
Guardado em solfejo, pedi em silêncio
Aos monges, aos poetas e às crianças
Aos pássaros, aos loucos e aos outros
Tragam-me rosas inteiras, acesas
Navegantes de luz, navegantes
domingo, 2 de agosto de 2009
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Janelas
Janela um: Uma grande avenida de uma cidade feia. Milhões de árvores arrancadas no canteiro central. Sobram troncos. Um senhor que coloca uma cruz de madeira, feita por ele mesmo, em cada tronco – ou cada resto de árvore. Ele jamais foi à Igreja e também não sabe quem é Deus. Entende de madeira. Coisas feito dela.
Janela dois: Uma praça que dizem causar liberdade nos outros. Uma senhora gorda leva seu passarinho para passear. O passarinho dentro da gaiola, amarelinho, cor de vida inventada. A senhora carrega a gaiola para todos os cantos da praça, conversa com o bichinho, silencia, coloca-o próximo das árvores. Caminha até o chafariz, posiciona a gaiola de acordo com o lado em que a água atinge. O passarinho nada.
Janela três: Um homem sozinho que escreve letras de música. Nunca tocou um instrumento e também não conhece muitas canções. Nas letras que escreve têm um pouco de saudade, de abandono, de desejo, de sonhos, sonhos, sonhos. Ama uma mulher que não cabe em melodias. O homem cantarola em silêncio lamentos de um amor não vivido.
Janela quatro: Um senhor que gosta de ficar na porta do teatro escutando rádio. Jamais foi ao teatro e também não tem muita curiosidade, prefere mesmo é acompanhar a pressa das pessoas que entram e saem dali. Gosta de relacionar cada pessoa à alguma canção que escuta no rádio (mas isso ele não conta pra ninguém). Já foi convidado para vários espetáculos, nunca quis. Diz que tem taquicardia e não suporta locais fechados.
domingo, 19 de julho de 2009
branco, o rosto branco
etc.
Estou triste
Etc.
Quem virá com a nova brisa que penetra
Pelas frestas do meu ninho
Quem insiste em anunciar-se no desejo
Quem tanto não vejo
Ainda
Quem, pessoa secreta
Vem, te chamo
Vem
Etc."
Etc. Caetano Veloso.
sábado, 11 de julho de 2009
desabafo, meu desacato.
cansada. cansada. cansada.
a batida contra a parede, o osso rígido, o coração que no vazio se lança.
cansada. cansada.
essa mania tola de pedir esmola pras pessoas erradas.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
tema
Pina Bausch.
terça-feira, 7 de julho de 2009
manhã de terça feira
domingo, 5 de julho de 2009
urgente
...
...
sexta-feira, 3 de julho de 2009
sexta feira três
Arrufos, Espetáculo do Grupo XIX de Teatro.
terça-feira, 30 de junho de 2009
ensaio de samba de volta
o que será que aconteceu?
se agora somos "oi tudo bem e tchau"
se eu olho e não te vejo mais igual
se é estranho te encontrar e me sentir feliz
o que será que se perdeu?
quando é que se deixou de confiar assim
aonde foi parar o colo amigo enfim
de ver, e de chorar, de rir à toa, numa boa
a gente cresce
a gente muda
o tempo todo
estando perto
cada um se ajusta ao outro
mas desse jeito eu posso ver aonde a gente vai parar
ah meu amigo
tô te esperando voltar
o que será que pode ter causado tudo?
será que foi o meu silêncio
ou foi você que ficou surdo
se a gente fosse namorado
eu poderia até saber
mas como está eu não consigo entender
pra onde foi nossa palavra, aonde estão nossas canções
se foi a nossa parceria?
e a alegria, pronde foi?
tô procurando nosso samba
vou esticar a minha mão
sinto saudade de você, meu irmão
a gente cresce
a gente muda
o tempo todo
estando perto
cada um se ajusta ao outro
mas desse jeito eu posso ver aonde a gente vai parar
ah meu amigo
tô te esperando voltar
segunda-feira, 1 de junho de 2009
gaiolas abertas
segunda-feira, 25 de maio de 2009
os nomes repetem e também as estórias
terça-feira, 19 de maio de 2009
abandono
sábado, 9 de maio de 2009
rapaz
ao sopro de vida tímido
ao nó na garganta que fica apenas ali,
na garganta.
Pegue seu sonho, rapaz
deseje lançar-se pelas janelas do infinito
deseje o outro, os outros, si próprio
deseje o abraço que de tão apertado
já não cabe.
Deseje a dor, o gasto, o surdo
as lágrimas que não se enquadram em choro ou riso
apenas a água de quem sente.
Pegue seu sonho, rapaz
agarre-o com os dedos como quem não permite deixar escapar
agarre-o com desejo.
Deseje o desejo, deseje o desejo, deseje o desejo.
Que venha o grito além.
Que venha o grito.
sábado, 18 de abril de 2009
só.
Caio Fernando Abreu.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
sexta-feira, 3 de abril de 2009
asa de andorinha
Derramar em cada instante o máximo de sua paixão paixão paixão paixão vida desejo falar sobre vida com potência de vida que não cabe em palavras discursos morais testamentos depoimentos pontuações vírgulas desejo que essa escrita não obedeça formas recursos nomes ortografias nada não sei se consigo a forma está em mim no mundo e que forma de ver o mundo senão através da forma a forma pode destruir a vida? desejo não contaminar as palavras com pensamentos construídos referências desejo não contaminar as palavras de vida disforme incalculada sem letra inteira e ponto exclamação e que as formas não contaminem aqui agora sem conselhos sem ditados sem lições
...........................................................................................................
milhões de pontinhos seguidos. Reacender o desejo.
quinta-feira, 26 de março de 2009
sexta-feira, 13 de março de 2009
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
eu, você, joão.
A branca rosa que os barcos lá debaixo
Vão levar
A branca espera que traz promessa
De calor no coração
Pra eles, pra ela
Primavera pela janela
Sobrado da imensidão
Amor imaginado que nenhuma diferença será
Capaz de calar
Coração que grita.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
lágrima
domingo, 18 de janeiro de 2009
no abismo das esquinas
Mas você é bonito o bastante, complexo o bastante
Bom o bastante?
Pra tornar-se ao menos por um instante
O amante do amante que antes de te conhecer
Eu não cheguei a ser"
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
sofá silêncio
Eu, você em casa e aquele sofá. Uma festa em que não necessariamente fui convidada, ou melhor, fui, mas não fora um daqueles convites cor-de-rosa Bordeaux que quase gritam ao serem abertos com luzinhas e brilhantes "venha, sweetheart, venha". Não recebi convite cor-de-rosa mas fui, mesmo assim, disposta a encontrar de tudo e de todos e também porque muitos dali me faziam saudades há tempos, então fui, coração aberto, postura ereta, tentando ter o mesmo sorriso que tinha quando estávamos em dois, abro a porta e vejo você em casa e aquele sofá. Ninguém na festa saberia, pudera você, o quanto aquele sofá. Era sabido ali de um amor que não aconteceu, ou que aconteceu e teve medo. Todos os medos nossos, que nos distanciaram ou quiçá nos aproximaram por milhões e milhões de instantes.
Cheguei na festa querendo ser eu, absolutamente. Olhava pra todo aquele lugar como se não reconhecesse, ou como se tivesse bastante tempo, embora nem tivesse tanto tempo assim. As situações eram outras, eu era outra, você, outro. E também outras novas pessoas ali, que não existiam ou nem apareciam há um ano atrás. "Agir naturalmente, seja legal, tudo é completamente cool", era o que eu pensava quando me aproximava do sofá.
Todo esse tempo dizendo pra mim mesma que você nunca me significou um amor e que foi, na verdade, uma grande amizade, um companheiro, um vizinho pra quem se pede uma xícara de açúcar no fim da manhã, esse sofá já sabia que tudo isso era balela? Isso mesmo, balela. Quantas vezes a gente fingiu não querer nada? Quantas vezes a gente agiu como se nada de mais profundo entre nós existisse? Profundo é profundo demais, e não sei se é isso que eu quero dizer.
Estou confusa. O que queria dizer na verdade é que ao chegar naquela casa, de frente pra aquele sofá, todos aqueles outros em torno, tive um sentimento incômodo, uma espécie de angústia, nostalgia. Uma saudade. Essa saudade que eu sempre classifiquei no nível da amizade ou da carência, afinal, nada muito extraordinário tem me acontecido nos últimos tempos. Só que ali senti, era uma saudade de mim mesma, de alguma coisa que ficou lá atrás mal resolvida e mal falada e enquanto caminhava pela festa refletia: "existe algum tipo de relação que se resolve?" Relação também é forte demais, e eu não se é isso que eu quero dizer.
Eu sempre soube que o que existiu entre eu e você foi maior que namoro, que amizade, que relação, que. Pra mim é difícil classificar em palavras ou sentimentos o que eu sempre senti, só sei que um ano depois, nessa festa, nesse sofá, me dá assim uma falta. Conversar com você não é o mesmo e é como se minha palavras jamais te alcançassem, você também sente assim? E eu continuo fazendo piadas à todo tempo, vou te fazer rir pra que nada mais sério venha, nada mais.
Não me olhe nos olhos, não converse comigo sozinho, não me leve até a porta na hora de ir embora. Ela está olhando, ela não tem culpa nenhuma, ela é até doce, já disse à você que acho ela doce? Ela talvez seja realmente a melhor pessoa pra você. Ela gosta de você e não tem medo de dizer.
Só um amor não concretizado pode ser romântico.
Admitindo diante do sofá, sinto sua falta. E quero.